Uma breve leitura de alguns artigos científicos mais recentes permite afirmar que o bem-estar emocional e a competência social proporcionam o fundamento essencial para o desenvolvimento do cérebro e para o emergir de capacidades cognitivas. Neste sentido, a investigação indica, por exemplo, que a aprendizagem e o desenvolvimento da linguagem dependem, não só da capacidade de identificar e distinguir sons mas, também, da capacidade de atenção, da concentração e do envolvimento da criança em interacções sociais significativas. Em resumo, o desenvolvimento socioemocional constitui um factor essencial em todo o processo de aprendizagem.
Tendo em conta este pressuposto, temos procurado implementar junto das crianças uma abordagem metodológica que valoriza o seu envolvimento na formulação e discussão de regras colectivas e normas de conduta individual, assim como o desenvolvimento de estratégias de colaboração entre pares para a resolução de problemas. Cooperação e interajuda são, pois, aspectos básicos do desenvolvimento pessoal e social, diariamente enriquecidos em contexto de jardim-de-infância.
Procurar um companheiro para trabalhar, brincar ou desenvolver qualquer outra actividade, promove na criança a consciência de si e do outro, isto é, a compreensão das diferenças de pensamentos, sentimentos e acções e a compreensão de que a acção de uma pessoa tem consequências ao nível dos sentimentos de outra (Goleman, 1995). Trabalhar a par com um colega, ajuda a criança a lidar com os seus sentimentos, a controlar impulsos ou a gerir, de forma construtiva, situações de conflito. Incentivar este tipo de relações e parcerias no grupo, ajuda as crianças a fazer amizades, a partilhar brinquedos e materiais, a aprender a cooperar numa tarefa, a descentrar-se de si própria e a mostrar que se interessa pelo outro.
Acreditamos que quanto mais cedo começar todo este processo de aprendizagem socioemocional, maiores serão as vantagens para as crianças, para os pais e para os educadores em geral.
A Educadora
Ana Bela Alves
